domingo, 29 de janeiro de 2017

ccc@feira.morta.na.smup


Só vamos estar no dia 29 / DOMINGO - porque é um dia morto!

levamos um livro que pensavam estar morto do Francisco Sousa Lobo convenientemente intitulado 
...
we shit you not

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Niilismo infantil e Feudalismo pobre

Serviu este fim-de-semana para passar pela Utopia e apanhar algumas peças underground portuenses como este Niilismo para "crianças", um "livro" (no sentido in-folio da coisa porque na verdade são uma dúzia de páginas A5 fotocopiadas) "para colorir e jogar". O tema é óbvio e bem-vindo num mundo governado pelas piores figuras alguma vez imaginadas. Mais! como dizem e subscrevo: a História não se resume ao que está escrito nos livros escolares e ao que os professores debitam, então achamos que este zine pode ser mais um contributo para descobrir acontecimentos, personagens e ideias que a escola não apresenta. A forma é ir pelo mundo da criançada com subversão, só é pena é que tudo seja mau, desde os desenhos (safa-se um poster nas páginas centrais) ao grafismo e a falta de conteúdos ou seriedade. É pena mas é isto o anarquismo português, uma brincadeira de crianças sem consequências feita por gajos incapazes de envolver a comunidade criativa para dar brio às tuas produções. Caramba, será assim tão difícil um anarquista encontrar um artista gráfico? Que triste...


Hip-Hop á Barão é uma pequena fanzine que tem como principal objectivo divulgar um pouco desta arte que é o HipHop, do ponto de vista de quem a aprecia!! Dizem eles no seu "fezesbook"... ehm, pois é isso o que é um fanzine, pá! «
A5 fotocopiado com artigos que vão aos quatro elementos do Hip Hop mas mesmo assim não consegue deixar de ser graficamente pobre - desnecessariamente, diga-se, se aborda o Graffiti, certo? Fazer um fanzine de texto (e alguma imagem) impresso em papel sobre uma cultura urbana em 2016 é obra! Bem sabemos que a Internet substitui tudo o que está aqui redigido e mostrado, há que ser mais audaz e/ou focado em algo que valha a pena publicar e que a 'net não o consiga fazer melhor senão fica-se na redundância do "disclaimer" acima reproduzido. Se até os anarquistas conseguem fazer isso com o poster central de Niilismo para "crianças", não há razões para um "hip-hoper" não saber também! Confirma-se que a nobiliária 'tuga é pobre e pelintra...

domingo, 22 de janeiro de 2017

El título no corresponder


Martín López Lam
Ed. Valientes; 2016

O que é este livro? Uma residência artística, um livro de viagens, prosa poética (esse "big no no" para quem diz gostar de BD), tudo isto em trilingue (castelhano, italiano e inglês) e quadricromia. Durante o ano de 2016 Lam esteve em Roma ao abrigo de uma residência da Real Academia espanhola e criou este livro que junta todas as obsessões do século XXI como o movimento eterno, o coleccionismo e catalogação, o "random", o "object trouvé" e o "remix". Conta mais do que parece à primeira vista e primeira leitura. Quem conhece Roma sabe que é uma cidade que precisava de ser terraplanada para ter um novo começo - outra obsessão tosca do século XXI, já agora - e para esquecer todas as ruínas dos monumentos que fomentam o seu incrível caos urbano. É uma cidade de tropeções, labirintos, acidentes, anacronismos, sujidade e esconderijos, onde nada funciona e pouco parece interessar à primeira vista para quem a percorre tal é o espírito romano tão prático como nos tempos em que crucificaram o Porto Nazareno.
Fantasmas a vermelho, urina amarela, azuis arquitectónicos e verdes para as ervas que se confundem com os entulhos são as propostas de Lam para uma cidade que não dorme nem deixa dormir, onde tudo é histérico e exausto. El título no corresponder é o epitáfio que Roma merece. Ámen.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

ccc@north.dissonant.voices


A Associação Chili Com Carne irá subir à Invicta nos dias 20 e 21 de Janeiro para presenciar as actuações ao vivo de agrupamentos musicais de grande calibre nos serões da Feira Medieval Vozes Nortenhas Dissonantes onde encontremos prestações do Grupo Folclórico de S. Pedro de Souto, Guau Das Tongas, Grupo Folclórico de Tregosa, Átila e a Cindy, Rancho de Correlhã, Gruta da Tendinha, Isabel Silvestre interpreta "Pronúncia do Norte", PN . HE . TA, Grupo Etnográfico de Areosa, entre muitas outras surpresas de sabor regional como:





um "bife e grelha"  com André Coelho sobre o seu Acedia o lançamento falhado de um livro trumpiano de Rudolfo da Maia no restaurante de pitéus vegetarianos Mamba Preta.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Fezesbook RIP

A Associação Chili Com Carne anuncia a desistência da página “fezesbook”. Criada a conta em 2010 pelo Camarada Silas e mantida nos últimos anos pelo Camarada Campos, nos seus seis anos de existência mostrou-se nada útil - e por grau de importância:

1) não se vendeu nenhum livro directamente pelo seu anúncio na página (ou pelos que tenhamos percebido);

2) só apareceram maluquinhos e/ou poetas a sugerirem propostas merdosas;

3) o famoso “like” era colocado sempre que publicávamos faits divers ou notícias inventadas (houve algumas, quem não topou, azar, o historial já foi para o galheiro) ou, ainda mais estranho e que vale um pensamento, quando anunciávamos que um livro nosso tinha sido laureado ou noticiado nos grandes media oficiais. Sabemos bem que as pessoas querem dar os parabéns pelos feitos mas parece que as pessoas celebram algo quando é reconhecido apenas de forma institucional e/ou assimilado na lógica repugnante de “star system”.

A Chili ficará pelo seu bom e velho blogue e com o seu sítio oficial onde não há interacção da treta. Se houver comunicação entre nós e outros é porque houve realmente um esforço real de ambas partes e não porque é fácil gastar energia eléctrica com mais um clique fútil e preguiçoso. Num mundo hiper-sofisticado pedimos, sem nenhuma sombra de ironia, que nos contactem da forma mais antiquada - cartas é que é!

Simbolicamente é porque estão mesmo interessados em dizer algo. Na prática não estão a atirar o barro à parede para ver se ele pega… Estas acções não são atomização ou de fechar em copas, é apenas ecologia real e social.

Por fim, vamos-nos apercebendo que o "fezes" é uma rede social que só vive de escândalos impulsionados pela moral dos cabrões dos "gringos", ou seja, promove uma verdadeira Censura dos outros tempos que nada nos interessam, já para não dizer que ajuda a eleger fachos.

Adios!

Inflamação Buffa


A estreia de Rancid Opera com o mini-LP Azionismo Bolognese in Rap (Sonic Belligeranza; 2016) é outro tiro de 2016 que bem perfurar intacto até 2017 para arrebentar a cabeça de alguém - salvo seja. O nosso Camarada Balli voltou a fazer das suas para combater o ennui europeu e a melhor forma de o fazer é reunir os amigos amantes de Alta Cultura capazes ao mesmo tempo de amar a vérmina. Aliás, a Ópera e o giallo são coisas tão italianas como pasta e pizza que até estranho nunca se terem cruzado, teve de ser uma linguagem pós-moderna como o Rap Horrorcore, que os Rancid Opera praticam, para fazer o arranjinho sonoro-genético alla marcia! Descansem quem desatina com o italiano, o libretto do vinil reproduz "em inglês-esperanto" as líricas mash-up deste projecto crítico ao Bel Canto. 
Ao vivo há quem cague de fininho pela intensidade da performance e a encenação dos seus actores MC PavaRotten, MC DominGORE e MC CarreAXE. Quem assistiu diz que parece mesmo uma ópera, só que vinda direitinha d'Inferno de Dante. Talvez pelo uso das máscaras e pela imaginação violenta que Rancid Opera está para o Hip Hop como Faxed Head está para o Black Metal... Assai!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Nos jardins de Neuromancer


Sorry Stars (Ed. de autor; 2016) é um LP de Van Ayres candidato a ser o disco de 2017 em Portugal caso não tivesse saído em Outubro de 2016, sendo que andou a sua comercialização andou a ser arrastada até hoje devido a um ligeiro erro de impressão da capa. Este é daqueles discos que me faz sair da letargia de escrever sobre música neste blogue (ou no Mesinha de Cabeceira) porque Ayres tem essa capacidade de iluminar caminhos sejam eles sonoros, gráficos e narrativos - alguém ainda se lembra da bomba que foi Lençóis Felizes?
De vez em quando, seja um Mr. Burroughs (Círculo de Abuso; 2000) ou os discos de Allen Halloween dou-me conta que as melhores criações artísticas não vem obviamente nem dos meios oficiais nem da "cafetrice" das famílias "indies" mas das margens ainda mais à margem, aquela que obriga a 100% de independência e que o autor tem de pegar o boi pelos cornos. Sorry stars é uma fotografia desta década - por alguma razão que todo o grafismo do disco é feito de imagens fotográficas - em que a Electrónica balança de trás para a frente, de passados épicos do Techno e House para relaxados ambientes cyber, fazendo sínteses Hegelianas e outras manobras retro-futuristas. Um bocado como os panhonhas da Hyperdub fazem mas sem o cinismo da falta de futuro ou o excesso de depressão urbanística. Surpresa, Ayres qual Enya dos Bijagós diz-nos que que há mais coisas na vida nem que seja um temporário bling bling pós-freakista que custa a engolir para os existencialistas desiludidos que andam praí.
O som em vinil está gigantesco, em que o Rabu Mazda (um Cafetra boy que costuma actuar com Ayres ao vivo) deve ser o grande responsável para clareza e pujança da produção sonora. Sim, é daquelas coisas que se tem ouvir com o espaço do analógico. Na compressão do digital o som passa ao estatuto de pila frouxa após uma banhoca na praia em Janeiro.

PS - O disco em rotações mais rápidas também é bom, isso é raro acontecer nos discos. Foram avisados!