sábado, 28 de dezembro de 2013

Os Melhores do ano!


Apesar do Inferno não ser da Chili Com Carne nem de 2013 (saiu em 2012 na última Feira Laica e com uma bela exposição na Mundo Fantasma) ainda assim agradecemos ao destaque dado no Expresso para o nosso Desenhador Defunto e ao novo-e-ainda-por-anunciar W.C. (também pela MMMNNNRRRG).

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

ccc@Feira.do.Jeco.3



Lá fomos ao Porto à terceira edição da Feira do Jeco que foi nos Maus Hábitos (MH) como têm sido habitual no Porto quando há este tipo de eventos - algumas Feiras Laicas, a festa dos 10 anos da MMMNNNRRRG e o próprio Jeco - mas ao contrário dos eventos passados, desta vez este estabelecimento não passou muito cartão à coisa, e mesmo com os seus problemas de público que sofre há muitos anos (com as mudanças das movidas noturnas da cidade), os MH mandaram o Jeco prós corredores do fundo com pouco espaço para tantos produtos dos poucos editores presentes. Poucos mas bons, a julgar pelas três novidades que trouxe de lá, já lá iremos.

É verdade que o Jeco não trouxe muito público mas ainda assim no salão principal dos MH pelo que vi durante toda a tarde de Sábado tiveram três ou quatro pessoas a comerem tostinhas e pouco mais. É bem capaz que o consumo teria sido maior se os próprios editores tivessem ficado nesse salão. Mais uma oportunidade perdida de fazer um evento de edição independente de forma decente numa cidade que ao contrário de Lisboa (graças à Laica de 2004 a 2012) ainda não soube criar uma fidelização de público, habituado a seguir o evento para onde quer que fosse, não tendo o Jeco de ficar com medo de arriscar em plantar-se em espaços menos centrais da cidade. O Jeco demorou tempo a fazer a sua segunda edição (foi em Setembro deste ano) mas pelo menos está no terreno a fazer o que mais ninguém faz, um encontro de editores independentes de forma desinteressada para editores e artistas que precisam destes eventos para divulgar e comercializar o seu trabalho. Que a organização não desista e procure espaços que sejam mais honestos com este tipo de movimentos.

There are only seven stories in the world é o primeiro zine de BD que o Panda Gordo edita - poisé nunca falei desta editora do João Sobral, sorry! Aliás, ele próprio estreia-se como autor de BD nesta publicação que pega num conceito de Arthur Quiller-Couch que afirma haver sete tipos de enredos de histórias. Cada um destes "tipos" são dados a sete autores de BD e/ou ilustradores para explorar, além de Sobral, temos Bárbara Fonseca (que participou no Destruição), Diogo Bessa (talvez o trabalho mais impressionate da antologia), Zé Cardoso, Sofia Palma, João Drumond e Amanda Baeza - com o trabalho mais conseguido do livro. Impresso a papel brilhante que não gosto, cantos redondos, redigido em inglês, eis uma bela surpresa para acabar bem o ano. Parabéns!



Ainda trouxe duas k7's de música electrónica: IV de AtilA pela Bisnaga e Challenger Two pela Marvellous Tone, dois projectos que se separam à nascença. Se ambos partilham as batidas de Hip Hop e Techno para criar "illbients", o primeiro rapidamente leva-nos para várias dimensões sobrenaturais como se fosse possível juntar Juno Reactor com Burzum, casamento inesperado mas que resulta neste excitante trabalho. Já Challenger leva-nos para o dubstep narcótico e sons espaciais, em má-onda cósmica e beats assertivos, um imaginário que me fascina menos porque sei que não só nunca irei visitar Marte como ainda por cima irei apodrecer no meio de vocês todos. Qual deles o mais Dark realmente?

PS
Por fim, ainda arranjei na banca do Cru um single de 1997 dos Familia Carnage Asada que nem sei o que dizer sobre o disco...

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

FuckNatalTenhoAsInvertidas



dUASsEMIcOLCHEIASiNVERTIDAS : 4 (Associação Terapêutica Do Ruído ‎+ A Giant Fern + Human Feather ‎+ Fooltribe ‎+ Eclectic Polpo; 2012)

Quarto registo da banda portuguesa com o nome mais longo para escrevê-la e que pratica Noise Rock martelado com Jazz. Talvez não seja a banda mais original do planeta - de certo que algum cromo irá compará-los a outras bandas vindas de Nova Iorque ou de Barcelona - mas para este país tristonho incapaz de ter movimento nas artes, esta é a banda que nos dá pica ouvir e ver ao vivo. Rock é para partir e não para a pose Pop que contamina a merda da música portuguesa pós-FlorCaveira. Se ainda acreditam em electricidade e na vida este é um disco que recomendo mesmo tomando o risco de parecer isto uma fútil sugestão para o Natalixo. Na realidade o LP já saiu em 2012 por isso que sabe o que é bom já o tem, eu é que feito parvo demorei este tempo todo, fica aqui o remendo possível.
Ah! O Lucas Almeida faz um dos quatro grafismos da folha interior do disco possíveis de encontrar nas 300 cópias prestes a esgotar desta notável banda.

MESINHA de CABECEIRA POPULAR #200 / ESGOTADO

a continuação do zine CriCa Ilustrada, ou se preferirem do Mesinha de Cabeceira foi lançada na 5ª Feira Laica (Dez'06) / Mesinha de Cabeceira Popular (Popular Bedside Table) comix-zine is out!!!
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formato e número de páginas (lombada de livro) / format and number of pages : 21 x 26 cm, 72p
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o tema é a "cultura pop" / the theme is "pop culture"
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o objectivo é fazer uma reflexão sobre a cultura popular: ícones, mediatização, globalização / we want to do a reflection about the pop culture: icons, mass media, globalization..
línguas oficiais: português e inglês / official languages: Portuguese and English..

colaboradores / contributors: Eric Braün, Claudio Parentela, Jano, Jakob Klemencic, Brian Chippendale, Stijn Gisquiere, Nuno Pereira, Filipe Abranches, Dalibor, Katharina Hausladen & Dice Industries, Tommi Musturi, João Chambel, André Lemos, João Maio Pinto, Pedro Zamith, S.G. & José Feitor, Monia Nilsen, Nuno Duarte & Pepedelrey, Joana Figueiredo e Marte & Jorge Coelho
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apoio / support: Instituto Português de Juventude
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feedback: MdC deu passinhos curtos e devagarinho, mas não deixou de os dar. E como um pesado dinossauro, quando dá uma dentada, ela é valente e deixa marca (...) apresentando um programa “curatorial”, uma vez que o editor convidou os autores a se pronunciarem sobre a noção de “popular”, apresentam-se aqui as mais díspares vozes e perspectivas sobre o que de mais normalizado nos pauta a vida (...) um novo passo para a consolidação deste como um dos melhores zines ou revistas de bd da actualidade em Portugal - Pedro Moura / Ler BD

há a considerar a elevada qualidade gráfica do objecto artístico de recente realização, e do numeroso grupo de prestigiados colaboradores nacionais e alguns estrangeiros - Geraldes Lino / Fanzines de Banda Desenhada

MdC tem-se vindo a afirmar como um espaço privilegiado de divulgação do meio bd underground, de Portugal e não só, e cada novo volume tem elevado bastante a fasquia da qualidade. Este tomo popular, talvez o mais bem conseguido das MdC’s, representa o que de melhor se vai fazendo na bd portuguesa e já vai sendo altura – tanto do projecto como dos seus autores – de terem outro nível de exposição - Ricardo Amorim / Entulho Informativo

Para os amantes da bd a revista Mesinha de Cabeceira representa quase um espécie de "Bíblia" (...) sempre foi uma espécie de revista mutante - Umbigo

Se há algo que consegue transmitir na perfeição o espírito tresloucado que anima as 70 páginas de Mesinha de Cabeceira Popular#200, edição dedicada ao tema “Pop”, são as intrigantes ilustrações nos versos da capa e contracapa, assinadas por Nuno Pereira: estes Monstros Modernos parecem embriões dos Novos Deuses imaginados por Neil Gaiman em American Gods: os deuses do hiper-consumo (na terminologia de Gilles Lipovetsky) e da tecnologia. Na realidade, faz sentido a tecnologia ser endeusada, visto que, ao contrário da ciência, na qual ela se suporta, vive da adulação, da “busca espiritual” de quem compra. Um culto da compra cujo evangelho é a “Popblicidade”. O MdC Popular#200 é um excelente compêndio de bd's e ilustrações esgrouviadíssimas que satirizam excessos e tiques da Pop Art. Os trabalhos de João Maio Pinto, Marte & Jorge Coelho e Monia Nilsen são, na minha opinião, os mais sólidos, mas como ficar indiferente à musicalidade de um título como “Gang-Raped by Dolphins” ou ao sentimento de absurdo montypythoniano que atravessa as pranchas de Nuno Duarte e Pepedelrey? Ah! Já vos disse que Jacob Klemencic desenhou um velhote mal-humorado com um barrete de lã igualzinho ao capacete do Astérix numa galeria de sósias feiosos de personagens famosas? Digam lá se o “Pato Donald” não parece mesmo o Thomas Pynchon…Trata-se de uma edição feita com bom gosto paranóico pela Chili Com Carne, responsável por algumas das mais arrojadas experiências visuais que se podem encontrar neste preciso momento nas livrarias. 4,6 - David Soares


domingo, 22 de dezembro de 2013

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

ccc@feira.morta.2

Lá fomos nós à segunda Feira Morta no Imaviz Underground, um "cluster" de lojas de subculturas que se fixaram no decadente e anteriormente "chic" Centro Comercial Imaviz. Sítio perfeito para uma "feira morta", aliás, a Morta deveria passar mesmo a procurar só sítios fúnebres para realizar o evento para dar juz ao nome.

Para a Chili Com Carne as vendas correram bem mas sentimos que há menos público e editores na Morta - comparando com a Laica, a qual a Morta ficou com a "herança". Parte do problema parece-me que vem da organização que precisa de expandir mais os horizontes para fora do seu (curto-)circuíto. Uma divulgação mais atempada, criação de notas de imprensa, uma programação musical menos fechada na família Cafetra e sobretudo um foco na edição independente no que diz respeito à sua promoção mais cuidada. Por mais giro que seja ter os logotipos todos a boiarem no tumblr oficial do evento, isso em nada ajuda por exemplo aos "jornalistas do cut/paste" a divulgar os nomes da verdadeira matéria-prima da Feira, que é a edição! E destacar as novidades editoriais porque afinal há pessoal que vai à procura cenas novas, iá?! Sem esse foco mais vale a pena desistir e passar a chamar de Festival Rock Morta ou Death Fest...

Ainda assim, não foi dificil encontrar produções novas... A primeira que destaco é The Scorcher de Astromanta, editado pelo excelente colectivo Clube do Inferno. Uma pequena ficção científica que apesar do seu humor esquece-se que a realidade supera a ficção e não seria de admirar que o futuro próximo fosse como esta BD. Lixado! Ao lado estava o Imvencible Comics, label do nosso Afonso Ferreira que vendia Parasitas, uma antologia de BD em que o título é o tema do zine. Participam alguns dos novos talentos da nossa praça a usarem pseudónimos idiotas mas que se reconhece quem são. Por respeito não revelo aqui quem quiser que gaste guito com isto que é bem gasto! Por fim, uma troca com o Glândula Zine #01 do colectivo 4.16, grupo de Design. Neste zine fazem colagens mais punk que psicadélicas para terem qualquer relação com os Cream como afirmam. Não é mesmo a minha praça este tipo de trabalhos mas de realçar o lado quente e "sexy" da publicação impressa no "sonho molhado" dos designers sub-25, a risografia.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

À vossa porta: a Barbárie Socialista!

Após uma primeira tentativa de destruição da Bedeteca de Lisboa, eis que António Costa e o seu executivo tentam outra vez MAS desta vez incluíndo TODA a Rede de Bibliotecas Municipais de Lisboa (conhecida por BLX).

A petição online está aqui:

http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT71765

Quem a ler perceberá facilmente a gravidade do assunto e deverá agir rapidamente porque Quarta Feira prepara-se a primeira reunião camarária para avançar com a barbárie.

Não é só a Bedeteca de Lisboa que está em risco de se perder numa Capital Europeia que até há 10 anos atrás era conhecida por ter as PIORES bibliotecas do país.

Muito foi feito e a BLX funciona actualmente de tal forma que AGORA é um MODELO para o país!

Um modelo porque tem 17 bibliotecas mas isso não significa que precisa de comprar 17 exemplares do mesmo livro para cada biblioteca. Graças à economia da rede, qualquer cidadão que trabalhe, por exemplo, em Belém pode ir buscar lá os seus livros e deixar em Alvalade ou noutra biblioteca mais perto de casa.

Os cidadãos podem aceder a acervos únicos: sobre a nossa centenária República (Museu-Biblioteca República e Resistência), a nossa história do livro para a infância (S. Lázaro), toda a BD portuguesa e o maior acervo de BD estrangeira e de edição independente (Bedeteca de Lisboa / Olivais), etc... acervos importantes para estudantes, professores, estudiosos estrangeiros - e no caso da Bedeteca de Lisboa, para TODA a população lisboeta.

As propostas que Costa & cia não prejudicam apenas os funcionários da Câmara Municipal de Lisboa mas afecta todo um património e um trabalho de anos numa área complicada que é a Cultura, onde os "orçamentos zero" imperam mas não implica que desanime os funcionários na sua luta no dia-a-dia para ajudar pessoas com problemas de iletracia, estudantes, leitores ou a criar os tais acervos especiais.

TODOS os políticos mentem à população dizendo que a Cultura é uma área que só dá prejuizo económico - recentemente um estudo de Serralves mostrou justamente o contrário... mas Costa parece que se prepara para ser o próximo Rui Rio, coisa que nem o Santana Lopes conseguiu ser... aliás, foi este famoso animal político que meteu as BLX a andar, a História é irónica no mínimo.

E por falar farsas porque a propaganda da CML brevemente irá tentar mudar a história toda:

Farsa I 
O mais grave que estes Socialistas querem fazer é livrarem-se das bibliotecas dos bairros mais degradados de Lisboa, o que permite afirmar que a multiculturalidade que Costa apregoa para Lisboa depende directamente do teu IRS.

Farsa II 
Costa também é reconhecido por ser o político que ouve a população. Sabe-se que os planos desta destruição das BLX foi descoberta por mero acaso por um sindicado da CML! Ninguém nas bibliotecas ou da população foi escutada sobre o assunto. 

Juntos fazemos Lisboa?
Só se for para abrir mais um hotel com pilaretes à volta.
Lissabon über alles!

Já que o elegeram "isto" façam o favor de enviar reclamações para

 António Costa:  Largo do Intendente, 27, 1100-285 Lisboa / t: 218170001 / fax: 218171222 / gab.presidente@cm-lisboa.pt 

e para a Vereadora da (in)Cultura Catarina Vaz Pinto: Paços do Concelho – Praça do Município, 1149-014 Lisboa / t: 213236200 / catarina.vaz.pinto@cm-lisboa.pt

sábado, 7 de dezembro de 2013

O Desenhador Defunto @ Expresso


Bender o corpinho no Portinho!


A Associação Chili Com Carne vai à cidade mais lowcost de Portugal.

A Chili Com Carne não é de Cascais nem de Lisboa, nem é do Porto mas se há coisa que gostamos de fazer mais é visitar essa pobre Invicta que fizeram dela um penico para pé-descalços! (Mas descansem em Lisboa ainda é pior, os bifes que aparecem por cá nem gastam dinheiro nos restaurantes pois preferem ir ao Pingo Doce comprar mantimentos para comerem no quarto do Hostel. Se o Porto é um penico, Lisboa é a sarjeta).

Felizmente na cidade do Norte há quem ainda tenha a cabeça erguida e faça projectos impecáveis como o café Duas de Letra. Infelizmente nem eles podem ignorar que somos uma nação geneticamente construída para turismo sexual e como tal tem de despachar a sua arte a preços low… cost… Isto lembra a piada (?) da puta que tinha um olho de vidro e por isso fazia broches e assobiava ao mesmo tempo.

Ah?

Olha é assim, a Chili Com Carne vai levar TODA a sua produção para o Duas de Letra e vai fazer a preços de amigo no dia 7 de Dezembro, das 16h às 24h. Nesse Sábado vão estar livros e discos estrangeiros a METADE do preço, livros quase esgotados (que rendarão fortunas no e-bay daqui uns anitos!) ainda a preços acessíveis e o nosso catálogo a bom preço (eles nunca foram caros, caramba!). Teremos NOVIDADES editoriais com preços especiais de lançamento! E sobretudo vamos vender as nossas serigrafias a PREÇOS TONTOS!

As serigrafias ficarão à venda até 4 de Janeiro de 2014. São um conjunto de imagens ligadas aos projectos Bestiário Ilustríssimo, Futuro Primitivo e Love Hole que vão estar a 10 euros! «Livra-te da tua arte» dizem-nos… Talvez seja isso ou chamar de GALLERY SALE. Vamos é masé vender o corpo ao Porto!!!

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Mesmo a tempo?



Leio a notícia do falecimento de André Schiffin (1935-2013) passadas poucas semanas após a leitura de O Negócio dos Livros : como os grandes grupos económicos decidem o que lemos (Letra Livre; 2013). Schifffin foi editor da Pantheon durante muitas décadas (de 1964 a 1990) e foi responsável pela edição do Maus de Art Spiegelman, obra que mudou para sempre o paradigma da BD - muito provavelmente isto só aconteceu porque foi lançado numa editora (à) séria... A edição portuguesa do livro de Schiffin apesar de 13 anos de atrasado lá nos chegou, com um intróito de Vitor Silva Tavares (sempre é um brilharete), talvez porque nenhuma das editoras portuguesas, neste milénio quase todas elas pertencentes a dois grupos económicos, gostaria que fossem tirados os seus esqueletos do armário. A narrativa de Schiffin nem é particularmente escandalosa, não conta todos os crimes económicos das editoras como destruição de livros em excesso, exploração laboral e dos autores, etc... Ela contempla apenas a sua carreira exemplar de excelente editor que teve de se demitir da Pantheon por não conseguir enfrentar mais a besta irracional capitalista com a sua lógica de mercado, que obriga que qualquer livro venda logo x milhares de exemplares. Como sabemos não é assim que os livros funcionam, podem demorar a arrancar... Histórias nojentas no mercado editorial há muitas e este livro não serve para lavar a roupa. É uma pequena autobiografia profissional que poderá ser lida por qualquer um que se ache "leitor" e que serve de "food for brain", para pensar melhor sobre o que lê nos dias de hoje. Se quiser saber mais sobre o que ainda está mais por detrás disto é melhor ler mais umas coisas! Muito provavelmente os livros que Schiffin editou... Ou já agora os livros da Antígona, Letra Livre, Frenesi, Relógio D'Água, Fenda, &etc, todas estas editoras que resistem à barbárie!
Neste mesmo ano cá em Portugal é publicado o primeiro anuário Portuguese Small Press Yearbook projecto dirigido por Catarina Figueiredo Cardoso e Isabel Baraona. É uma compilação relativa à edição independente nacional, sejam livros de artistas, fanzines, zines e outros mutantes bibliográficos publicados entre Junho 2012 a Junho 2013, existindo também um complemento em linha no projecto Tipo.pt. Pelo meio há textos sobre edição, listas de arquivos públicos, etc... ou seja tudo o que é necessário para ser uma obra de referência, esta especialmente importante porque acumula o conhecimento sobre edições que tem tiragens muito reduzidas, de pouca difusão mediática ou comercial. O livro é trilingue (português, francês e inglês) e só peca por um grafismo sem sal e pouco "ilustrado", o que é irónico porque a maior parte dos livros referidos são extremamente visuais. O livro tem "corpo" mas parece uma sebenta do século XIX. Espero que a edição de 2014 tenha mais vida! Não é essa a essência destes livros fora do baralho!? Seja como for, parabéns pela iniciativa!

Gracias ao Rafael Dionísio pela oferta do livro do André Schiffin, prenda certeira!

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

brasil.pt (Brasil XIV)



Mundo Anão
Piqui #2
(O Piqui; 2013)

Ninguém sabe mas elas andam por aí, já tiveram na FEIA e no Jeco, as miúdas do Piqui, Livia Viganó e Taís Koshino! Fazem mini-zines de BD com pinta "friqui" (não resisti a piadinha-que-rima!) e naíve assim mesmo, de forma espontânea a lembrar o André Ferreira (mais conhecido por Goran Titol) que se meteu na BD recentemente (ver o último número da colecção Toupeira pela Bedeteca de Beja) ou o Van Ayres. Todos eles e muitos outras pessoas que andam por aí, são uma nova geração de autores que passaram a fazer BD mas sem passarem pelo imundo processo da cultura "nerd" da BD industrial, e por isso a sua frescura e poeticidade incomodam os puristas da BD do quadradinho-menino! Claro que os resultados mostram-se muitas vezes verdes em relação a estilo mas estas autoras (ou o Van Ayres) têm domínio sobre as técnicas de narração ou que permite uma leitura limpa do que se conta mesmo que seja "surrealista".
Assim sim dá gozo ler... o Brasil pouco a pouco vai mostrando as suas garras fora das piadinhas eternas.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Afinal os norte-americanos não são quadrados...



A Lili Carré gostou do Mystery Park e comprou-o no Festival de Helsínquia deste ano - em que por acaso nem fomos mas tinhamos representação para lá nos caixotes infinitos de material na banca do Kuti Kuti. Ela gostou tanto do trabalho do André Ruivo que o convidou para o festival Eye Works onde foi mostrado com sucesso o filme O Dilúvio!

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Aos pares




Missing Dog Head : Cerberus One (Delphy; 2013) + Cerberus Two  (Delphy + Sonoscopia; 2003)
shhh... : + vol.1 + + vol.2 (Thisco; 2013)
Shrine : 1990-1996 (Glam-O-Rama + Chaosphere + Raging Planet ; 2013)

MDH é um trio com dois guitarristas austriacos e o Gustavo Costa e que lançaram mais dois discos ambos com o nome de Cerberus, o cachorrão de três cabeças que guarda o "inferno" greco-romano. Para quem gosta de Post-Rock, termo que nada quer dizer na realidade, poderá encontrar aqui escapatória à mediocridade do género porque novamente, o termo nada quer dizer e quem toca aqui não se mete em "géneros". O trio mete-se Jazz de fusão com Noise Rock mas pelo meio entram em ambientes bafientos como se estivessemos num bar em que sabemos que não tarda nada começa tudo à porrada. O som nunca chega a ser violento como Albatre porque o que MSH indica é que algo está mal, muito mal à nossa volta. Talvez por isso que as ilustrações de André Coelho tenham sido reduzidas a cromos de caderneta nas capas dos discos? O segundo volume é nitidamente mais experimental que o primeiro, a começar porque são incluídas gravações de campo nas montanhas do Tirol que Costa fez. Diria que o primeiro volume é "ao vivo" (ou de improvisação) e o segundo é o "de estúdio".

Os dois novos discos de shhh... são o símbolo "+" e foram feitos exclusivamente com colaborações externas, daí o "mais" visto que shhh... é um projecto de Rui Bentes, sendo que não são discos de "remix" sobre temas que já existiam. A maior parte são participações estrangeiras de cromos da música experimental / electrónica como Francisco López, Dave Philips, Phillipe Petit, ThisQuietArmyAnla Courtis,... Os discos parecem "errados" de várias formas, sendo impossível separar a forma e o conteúdo. Começo pela apresentação dos discos, de pobreza franciscana e muito incongruente. O pior, é que não se explica nada sobre o projecto, sobre as formas de trabalho entre os vários artistas, etc... Quem quiser ouvir os discos e pensar no que ouve obriga a que se tire notas antes de inserir o disco na aparelhagem (porque as colaborações e títulos das músicas só estão impressas nas rodelas dos discos) ou que se decore os músicos de cada faixa. Claro que no mundo da web.2 se calhar nada disto importa... Pergunto também se uma das faixas não fosse editada neste grupo de CDs não seria tudo "compacto" e mais fácil de ouvir num único disco invés de estar a mudar de CD em CD de meia-em-meia hora? Talvez seja a maldição dos álbuns-duplos (e estes dois são um álbum-duplo? não sabe / não responde) que criam ânsia em querer ouvir as duas rodelas mas que nos obriga sempre a escolher entre os dois discos! Qual deles o melhor? Qual deles o pior? Qual oiço primeiro? O mais estranho disto é que apesar de todas as colaborações parece que nada acrescentam ao universo de shhh... ou de outra forma, dificilmente se percebe o universo dos outros artistas - onde se topa mais facilmente, curiosamente até é o menos "famoso" deles todos, o Rasal.Asad. O fascínio "breakbeat cinematográfico pós-industrial" de shhh... continua em alta mas a pureza da captação de som que ele é muito bom parece que se perdeu no meio deste caos ou então não consigo ouvir com clareza devido ao formato editorial. Há quem diga que menos é melhor e é capaz de ser bem verdade ou então... [cut]

Ao contrário dos outros projectos em que há dois CDs em embalagens separadas, o 1990-1996 é um CD duplo e recolhe a discografia completa dos Shrine, uma importante banda nacional de Metal dos anos 90. Só lançaram um álbum, Pespective (Morgana; 1994), e nesta recolha é incluido não só demo-tapes anteriores à estreia oficial mas também o segundo álbum gravado, Servants of the glow, que apesar do título nunca viu a luz do sol - isto desde 1996! Apesar de ser mais uma banda que tocava Trash/Death como era normal no seu tempo, os Shrine não se ficaram pelos "templates" de Sepultura ou de Obituary e na realidade conseguimos perceber que o que eles gostavam era de Voivoid, o que já mostra que eram anormais em relação aos outros metaleiros. Topa-se numa das fotos que estão no livro do CD, em que a banda está sentada no chão a fumar uma chicha (cachimbo de água marroquino) e não em pose de macho como eram as fotos de outras bandas da altura e de hoje! Se nos primeiros registos topa-se neste "power trio" a influência de nítida Voivoid, ora nos breaks de bateria, que de tão abruptos que soam a amadorismo (o que é um elogio!), em algumas guitarradas dissonantes e na voz longínqua, no segundo disco a banda vai evitando a velocidade do Metal e vai atraindo peso-lento do Doom e experimentação psicadélica a que se chama hoje de Stoner mas na altura era um efeito directo do Prog dos 70s. Deve-se agradecer às editoras envolvidas neste projecto que tenham feito o trabalho perfeito de arquivo fonográfico, coisa rara em Portugal. Depois de reedições em vinil de Thormenthor e Sacred Sin, pergunto se o Estado português não lhes deveria dar um prémio de conservação patrimonial?