sexta-feira, 6 de julho de 2012

Eu quero que o Fado se foda!!! (se ainda fossem putas bêbadas...)




Se em 1997 já não tinha paciência para Indie-Rock, o que faço em 2012 com uma mão cheia de CDs da Cafetra Records? A resposta é simples, os putos são uns bacanos e percebem que a cultura DIY é uma cultura "desinteressada" - que dá mais do que recebe. Na última Feira Laica ofereci-lhes uns livros e recebi deles uma catrefada de discos! O problema é ouvir isto tudo quando nunca curti Pavement e há muito que ignoro Dinosaur Jr. ou Pixies - no caso desta última banda que foi a minha loucura de juventude recuso-me a participar no seu regresso monetário e à nostalgia do seu público gordinho, careca, cheios de filhos e dívidas ao banco.
O Rock que a Cafetra pratica é sujo, barulhento e sónico, não trazem nada de novo no horizonte da música embora o seu fascínio em escreverem canções (sub)Pop são boas polaróides dos universos juvenis de Lisboa / Portugal em 2011/12. Há intervalos para guitarras angulares e dedilhadas, gritarias, cataroladas e tudo o mais que esteja abrangido neste estilo de música "indie" e "lo fi". É assumido que não há orçamentos para produções com "Albinis" e por isso a mais-valia deste colectivo lisboeta onde se inserem uma dúzia de 10 bandas / projectos diferentes é que dificultam a audição para os ouvidos limpos de quem "post-rocka" e outras paneleirices contemporâneas. Neste mundo cheio de higiene e pro-tools os Cafetra Crew gravam "mal" como já ninguém faz - nem os punks! - o que poderá ser interpretado como "ar fresco" no típico ambiente "pop will eat itself".
Os passos em volta são os mais dolorosos de se ouvir porque guicham letras que não se percebem no Até morrer (2011), sinceramente eu deveria prestar mais atenção pois bastaria levantar o som e estar atento às letras mas desde puto que nunca percebi as letras portuguesas de bandas bem-gravadas como os Xutos ou Rádio Macau, por isso, sou um caso perdido e não serão os Passos que me meterão na linha... Que se lixe! E este "que se lixe" é positivo porque a Cafetra não me causa nenhum ódio ou desprezo ao contrário de quase toda a produção musical deste país de atrasados-mentais. Kimo Ameba com o seu disco de estreia, Rocket Soda (2012) são mais sónicos, acelerados e não falam tanto... melhor assim! Podiam era ser ainda mais sónicos, acelerados e cantarem ainda menos que estariam no ponto se assim fosse! Apesar de dedicarem o disco ao Seth Putnam (1968-2011), se o vocalista dos Anal Cunt estivesse vivo provavelmente faria uma música grunhida como Kimo Ameba is gay! Entre estas duas bandas há outra que é mais equilibrada, as Pega Monstro, duas miúdas a rockarem fodidamente parvoíces teenybooper sem papas na língua em binómio "quero / não quero" (sindroma Ramones) que deixará muito macho músico à rasca. Estas miúdas (e toda a crew da Cafetra para dizer a verdade) só precisam é de ler livros do Bakunine, Phillip K. Dick e o Revolta contra o Mundo Moderno do Julius Evola para se livrarem desta existência mundana. Claro que deixariam de ser o que são, perderiam o "glamour" burguês da juventude que tanto têm entesado os velhadas dos críticos musicais... Claro que os Cafetras irão transformar-se noutra entidade muito rapidamente,  isso é normal que venha a acontecer, basta ver a evolução do Rudolfo, por exemplo, que começou com as letras "xixi-cócó" para letras cada vez mais sofisticadas e longe das borbulhas. It's Fetra time...
Compila (2012) é nova compilação de projectos da Cafetra, eclética q.b. e porreira de se ouvir graças às fugas ao esquema sónico pelos Go Suck a Fuck, Éme (cantautorismo) e Smiley Face (trash pop). Bem fixe! Por falar em fixe, as capas da Cafetra tem melhorado e sim, é isso, são fixes! Assumo a limitação das palavras! É fixe, pooooorra!  Desenhos e pinturas naives com capacidade de atrairem o olho de qualquer ser humano, bem longe das photoshopadas esteréis que pupulam por aí. Hey! É o Harvey Pekar na capa do Compila?

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