segunda-feira, 13 de junho de 2011

... quem nasce torto


Torto (Boom Chicka Boom; 2011)
Porque raios uma banda envia uma fotografia sua em que vemos um magrito entre dois gordidos? E a legenda diz: «dois gordos e um queijo»? É verdade é o que vemos são dois gordos e o gajo do meio chama-se Jorge Queijo (é o baterista) perto de umas escadas dentro de um prédio qualquer nortenho, todos estão com ar encavacado (menos o Queijo!) e parece uma estranha fantasia de violação masculina... Quando não havia Internet era natural que juntamente com os discos promocionais vinham fotografias (também promocionais) das bandas - para reprodução posterior nos jornais e revistas. E realmente algumas delas tornaram-se peças de colecção como as da Sub Pop tiradas por Charles Peterson. Esta dos Torto até doi... não sei se no sentido rídiculo da acção promocional ou da fotografia per si.
Avanti! Os Torto são um projecto com alguns cromos como um tipo dos saudosos Zen mas não vale a pena fazer mais correlações, os Torto não são nem Zen nem Jazz. São até bastante fáceis de catalogar nos caixões do Post-Rock ou do Math-Rock ou qualquer banda que tenha ouvido os Slint. Não são maus nem bons, aliás, nos dias de hoje em Portugal (em comparação com os anos 80, por exemplo) o que não falta são cada vez mais músicos competentes e virtuosos, faltando quase sempre o sumo da coisa que é originalidade e personalidade. Tanto que desde dos anos 90 as bandas assumem taxativamente que são os Pearl Jam lusos, os Battles portugueses, etc... Os Torto não são os Cul de Sac 'tugas mas deve sem algo assim - não sei o que poderão ser porque a área musical por onde se movem pouco me interessa, é demasiada caucasiana para o meu gosto: instrumental, baixo + bateria + guitarra, incursões melancólicas que atravessam para sónicas, não impedindo de ter um bocado de tró-ló-ló galopante aqui e acolá. Espero que ao vivo tenham mais garra - confirmando o facto que mais do que nunca na música Rock actual o que interessa é ouvir ao vivo do que em disco. Por falar no dito cujo, o CD vêm dentro de uma embalagem com muita "piada" e bom aspecto, culpa da Oficina de serigrafia Arara, a mesma oficina que está a fazer os cartazes do Futuro Primitivo. Tudo isto soa direitinho demais (porque é) para quem se acha "torto", não há aqui desafio e muito menos erros - tirando o da fotografia promocional. Num mundo em que há cada vez mais criadores que público, os Torto são o "zeitgeist" que confirmam o que Momus disse em tempos: "No futuro todos serão famosos por 15 pessoas".

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