sexta-feira, 13 de maio de 2011

Gosto destes desenhos, sim senhora!


Gosto da tua genitália (Aliböbö; 2011)
Jailbirds / Pigs (ed. de autor; 2011)

Nos últimos anos têm havido uma enorme produção de graphzines, não só em Portugal como  no mundo inteiro, e para dizer a verdade por mais "massive" que eles possam ser admito que já irritam. Irritam porque admito ser "cromo da bd" e sinto que há menos títulos de bd a sairem em comparação com os "zines gráficos". É um problema meu, novamente, nada implica que os trabalhos que se publiquem por aí não tenham qualidade muito pelo contrário, estes dois títulos das Caldas da Raínha, são um exemplo claro que a cultura Zine está (mais ou menos) viva e recomenda-se. Talvez já não haja tantos zines per capita naquelas terras mas ao menos o pouco que saí é bom.
Gosto da tua genitália - não é verdade caro leitor, e não me envie a sua pila ou vagina fotografada, sff - é um grupo de 2 gajos (Miguel Carraça e Zé Burnay) e mais uma gaja (Sónia Margarido) que desenham por cima de fotos parvas sacadas sabe-se lá aonde. Depois é meter uns cornos, 666, barbas e dentes partidos que está feito. "Está feito" porque funciona quase sempre este tipo de montagem. Apesar de haver um insólito gráfico a normalidade das poses arrancam o humor de toda a situação. De alguma forma lembra o non-sense e a escatologia dos desenhos de Jucifer. 
O segundo título é a solo de Burnay em formato "split", de um lado são desenhos de porcos (bófias) e do outro os pássaros (prisioneiros), os desenhos são muito marcados pelo estilo das tatuagens, "Rocker" e o desenho underground norte-americano. Sem as distorções de perspectiva do Pedro Zamith não deixa de haver ligações entre o trabalho de ambos os autores no que diz aos registos estilísticos e à simplicidade da mensagem.
Apesar destas comparações, sente-se frescura e gozo nestes zines, talvez seja o impacto da novidade - não querendo entrar em contradição com o ínicio desta resenha, apesar de haver muitos graphzines não deixa de ser verdade que há poucos zines a serem editados em Portugal de forma regular (ou tendo acesso regular a eles). Se calhar daqui umas semanas estarei a desdenhá-los ("bah! é zine para hipster!") mas até lá, dá mesmo gozo folheá-los.

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